por Luiz Antonio Wiltner
Atualmente, vivemos em um mundo no qual a necessidade de falar é imensa.
Quando digo “falar”, refiro-me tão somente as palavras expressas por uma pessoa. – Sem querer aqui referenciar a grande gama de linguagens existentes e usadas, principalmente no mundo digital.
Mas, estranhamente, ao passo que se fala demais, escuta-se de menos.
Aqui se faz necessária a diferenciação de ouvir e escutar.
Ouvir é um sentido. Em condições normais, querendo ou não, as pessoas ouvem pelo seu canal auditivo, a não ser que impeçam o som de entrar, obstruindo a passagem com um fone de ouvido, por exemplo.
Já o escutar é fruto de uma vontade do indivíduo. Na escuta a pessoa presta atenção ao que ouve, busca compreender e raciocinar sobre o dito.
Diante do breve exposto, pode-se dizer que muitas pessoas, na maioria das vezes, apenas ouvem, porém não escutam.
Isso significa, consequentemente, que não prestam atenção no que o outro fala, portanto não raciocinam e procuram crescer com o que foi expresso.
Por esse mesmo caminho, se a própria pessoa não se escuta, como compreenderá a sua própria vida? Como atuará para mudar uma situação que esteja causando algum tipo de sofrimento?
Janeiro Branco
Caminhando por essas trilhas e sabendo da importância de se conhecer, a campanha que abre o novo ano que mostra sua feição é intitulada Janeiro Branco, onde se enfatiza a importância da saúde mental, momento em que se busca incentivar as pessoas a se conhecerem, a elas próprias, como indivíduos que são.
Convergimos, portanto, para dois aspectos essenciais ao autoconhecimento: a fala e a escuta.
Não se conhece aquele que não exercita esses dois fatores, pois somente falando o que se pensa, o que se sente, suas angústias, sofrimentos, experiências, alegrias…, somente verdadeiramente escutando o que se diz e dando significado ao dito, é que se consegue pensar sobre si mesmo, levando ao tão esperado autoconhecimento.
A negação da fala, a negação da escuta, apenas perpetua um estado de ignorância do seu próprio ser, podendo trazer sintomas que podem dificultar em muito a vida de uma pessoa.
Um sintoma, nesse sentido, pode ser uma dor física, uma fobia, dificuldade de relação, pensamentos intermitentes sobre algo, um transtorno…
Portanto, se tem algo para falar neste mês de janeiro, sinta-se estimulado a fazê-lo para alguém que esteja disposto a de fato escutá-lo, sem preconceito, sem julgamento, apenas buscando escutar e compreender, refletindo e esperando uma oportunidade para poder contribuir em sua vida.
Com o auxílio de um outro qualificado poderá ocorrer a fala e a própria escuta, encontrando sentido e explicações para a suas próprias indagações.
Portanto, falar é importante, assim como o ouvir, mas desenvolver a escuta é primordial para uma relação com o outro e para com nós mesmos.

Luiz Antonio Wiltner é subtenente da PMSC, exerce as funções de adjunto de comando no 12º Comando Regional de Polícia Militar, em Jaraguá do Sul. É graduado em Letras, possui especialização em Língua Portuguesa, em Inteligência Criminal e mestrado em Comunicação Corporativa. É acadêmico de Jornalismo e estudante de Psicanálise Clínica.

[…] Publicado originalmente em: https://12rpmsc.com/2022/01/10/opiniao-a-ausencia-do-escutar-no-oceano-das-palavras/ […]
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